O Oficina surgiu na década de 1990, por iniciativa de um grupo de professores e professoras comprometidos com o ideal de transformação democrática da sociedade. O nome foi inspirado no “Teatro Oficina”, grupo que na década de 1960 ousou apresentar textos polêmicos e críticos no teatro brasileiro, contrariando os rigores da censura militar.
Esse papel desafiador do Teatro Oficina, no contexto político-cultural do país, serviu de inspiração para a formulação de um projeto inovador, que carrega no nome a ideia de construção, labor, engenho, de um fazer e refazer inerente aos “inquietos”.
Em 2024 completamos 35 anos de estrada, fiéis ao compromisso com esta “inquietude do bem”. Apostamos em uma educação que leva em conta as múltiplas faces do conhecimento, investe na formação integral e crítica dos alunos e prepara-os para os grandes desafios da vida, aliando conhecimentos formais a valores como responsabilidade, sensibilidade e consciência cidadã.
Pedagogia histórico-crítica, que vê o saber objetivo como questão fundamental do processo de educação formal;
Fundamentos do Construtivismo, que apoia o cotidiano didático-pedagógico, no sentido de conduzi-lo a uma relação de construção do conhecimento sustentada pela interação entre sujeito e objeto, que tenha o professor como mediador;
Premissas dos quatro pilares da educação: aprender a conhecer, isto é, adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas; aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes.
Desde 1997 trabalhamos com a metodologia de projetos, a partir de eixos temáticos atuais e de grande relevância para a formação do cidadão, que são eleitos e desenvolvidos por uma equipe de educadores para nortear os projetos pedagógicos a cada ano.
O Mundo Não Deve Ter Fronteiras Mas Horizontes
Por um consenso mínimo entre os homens
Bahia, Bahia, que lugar é esse?
Soy Loco Por Ti América
Viva o povo brasileiro
ÁFRICA: "Em que espelho ficou perdida a minha face". Cecília Meireles
Cultura popular
Palavra tem poderes
“Brasil diaspórico e uma América entre nós”
A Lei 10639: Em 2023 completou 20 anos a lei 10639, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de “história e cultura afro-brasileira” nas disciplinas que já integram as grades curriculares da educação básica e também torna obrigatória a formação de professores para esta finalidade.
Fruto de décadas de lutas do movimento negro, a lei também estabeleceu o dia 20 de novembro como o Dia da Consciência Negra no calendário escolar, sendo considerada um marco histórico importantíssimo, objetivando garantir o ensino sobre a África e as culturas negras. Trata-se de uma tentativa de superação de uma negação histórica em torno das contribuições dos povos negros nas áreas social, cultural, econômica e política para a constituição do nosso país e da nossa identidade.
Componente: História / 1ª série / Professor: Wilson Ribeiro
Frequentemente, ao refletirmos sobre o continente africano, nos vemos imersos em uma série de imagens estereotipadas: “a África das Savanas e dos animais exóticos”; “a África das guerras”; “a África da pobreza, das misérias, das doenças, da fome”. Partindo do princípio de que estas construções nos oferecem, no mínimo, uma visão muito parcial do que seria o continente africano, iniciamos, em sala de aula, a apresentação de uma série de “novas imagens” de aspectos urbanos-populacionais do continente Africano. Assistimos à palestra da escritora nigeriana Chimamanda Adichie, “O perigo da história única”, e em muitos momentos os alunos se identificaram com o relato da autora sobre o comportamento da “colega de quarto”, nos Estados Unidos. A palestra foi o ponto de partida para nossas reflees de como nascem os estereótipos e do exercício frequente que devemos fazer para não continuar reproduzindo-os.
Dando continuidade a estes esforços iniciados em sala, e como tentativa de aprofundar ainda mais as reflexões, convidamos o Guineense Balakovv Miranda, sociólogo, que está no Brasil desde 2018, buscando formação universitária na área das Humanidades, desenvolvendo pesquisas e outras atividades. Balakovv falou de seu país, sua cultura e da experiência no Brasil, em um encontro incrível e muito enriquecedor.
Componentes: História e Geografia / 8º Ano
O trabalho objetiva trabalhar a situação das organizações mundiais nos processos de integração cultural e econômica no contexto africano, reconhecendo, em seus lugares de vivência, marcas desses processos. Também aborda o direito e a necessidade de conhecer a diversidade étnico-cultural existente no território nacional.
Terá como culminância uma aula de campo no Quilombo Koange, no dia 14/09, com o propósito de vivenciarmos o cotidiano da comunidade, conhecendo e reconhecendo diversos elementos culturais afrodescendentes, marcantes na nossa cultura, como por exemplo a religiosidade, confecção de farinha de mandioca e do azeite de dendê, remédios de ervas, artesanato, culinária e o famoso Samba de Roda, assim como ouvir, perguntar e dialogar sobre passado, ancestralidade e o presente vivido pela comunidade.
Também temos previstas rodas de conversa, no colégio, com profissionais afrodescendente(s) de destaque em áreas diversas.
Componente: História / 9º ano / Alysson Mustafá
Promoção pesquisas e debates sobre as questões raciais relacionando a Carta dos Direitos Humanos ao processo de afirmação dos direitos fundamentais e de defesa da dignidade humana, valorizando as instituições voltadas para a defesa desses direitos e a identificação dos agentes responsáveis por sua violação. Os(as) alunos(as), neste processo, também analisam o papel do Estado Brasileiro quanto às obrigações relativas aos Direitos Humanos na atualidade; a questão dos Direitos Humanos no Brasil atual – debate e obrigações do Estado.
O Congresso de Estudantes do Colégio Oficina (CONESCO) é um dos mais importantes eventos do calendário escolar e tem como objetivo fomentar, através da organização de mesas redondas, a reflexão e o debate entre alunos, professores e palestrantes convidados a respeito do tema do ano e dos subtemas de cada turma.
Cria-se, assim, um espaço de reflexões e debates visando ao aprofundamento teórico a respeito do tema e subtemas, ampliando o repertório de conhecimentos da comunidade escolar que serão, ao fim do ano, traduzidos para as variadas linguagens artísticas no palco do nosso projeto final, o Oficina in Concert.
O Grupo Ambiental e Cidadão do Colégio Oficina (GACCO) é resultado da união de dois projetos: O Cidadania e o Meio Ambiente. A iniciativa de agregá-los partiu dos próprios alunos, que argumentaram ser o enfrentamento de questões ambientais parte da própria formação cidadã, sem necessidade de serem tratadas separadamente. O viés “Meio Ambiente” propõe ações de conscientização à comunidade escolar para questões relacionadas à preservação ambiental, como o desperdício, a necessidade de conservação do espaço comum, limpeza, atividades envolvendo reciclagem, entre outras.
Já o viés “Cidadania” surgiu com o objetivo de discutir a exclusão social e estimular a participação dos alunos na construção de uma cidadania ativa e plena, atuando na tentativa de conquistar novos mecanismos e espaços para o exercício de direitos tendo em vista a formação de jovens construtores ativos da sociedade, que tenham capacidade de exercer uma cidadania consciente, crítica e militante.
Parceria com a ONG TETO para construção de casas populares. Os(as) estudantes atuam nas campanhas de coleta de doações e um grupo de voluntários vai in loco à comunidade, acompanhados por um professor e integrantes da ONG construir a unidade habitacional a ser doada com as próprias mãos.
Visitas periódicas e assistência à casa de repouso para idosos “Asilo Bom Jesus”, localizada no bairro de Tubarão, subúrbio ferroviário de Salvador.
Apoio à Creche escola Futura Geração, com realização de atividades, celebração de datas comemorativas, montagem da biblioteca da instituição e suportes variados.
Apoio à Cooperativa de Reciclagem COOPERBRAVA, com ações de coleta de material, bate-papo com integrantes e visitas à cooperativa para conhecer o trabalho desenvolvido.
Iniciativa do departamento de Geografia do Colégio Oficina, o Concurso Milton Santos de Fotografia teve por muitos anos como maior objetivo provocar os alunos e aguçar sua sensibilidade na percepção da cidade onde moram, da formação social na qual estamos inseridos e do encontro com o Outro.
A primeira edição do concurso, realizada em 2002, teve por tema a convivência dos tempos urbanos na cidade do Salvador, sob título “Nova cidade velha, velha cidade nova”. De lá para cá muitos foram os temas abordados, como “As caras da Bahia” (2002), “O Trabalho e os Trabalhadores na Cidade da Bahia” (2004) e “Fé e Religião na Bahia de Todos os Santos” (2005).
O Conselho é composto por representantes de cada turma e se reúne ordinária e extraordinariamente para tratar e deliberar sobre questões disciplinares e comportamentais, sob a responsabilidade dos Orientadores Pedagógicos, construindo e garantindo o Pacto de Convivência, além de funcionar como órgão fiscalizador do Grêmio. Neste espaço entendemos que o aluno tem a grande oportunidade de, após a convivência familiar, iniciar a sua participação organizada na sociedade. Assim, o Conselho é o começo do exercício do convívio coletivo que sempre implica uma série de regras de respeito ao espaço alheio, ao aprendizado da tolerância, da escuta, da fala, das diferenças individuais e coletivas.
Entendemos que a escola tem um papel essencial, que vai além da sala de aula e que deve ser ampliado a todos os segmentos e atores que interagem com o objetivo de formar uma juventude ética, cidadã, responsável, engajada e emocionalmente assistida.
Por isso, sempre estivemos atentos à contribuição que podemos oferecer às famílias, promovendo encontros com especialistas em diferentes áreas de conhecimento, que possam contribuir para a desafiadora tarefa de educar filhos e filhas para um mundo mais justo, solidário e socialmente sustentável.
O Núcleo de Orientação Pedagógica (NOP), a partir do Projeto Político Pedagógico do Colégio que está respaldado pela Lei de Diretrizes e Base – LDB e a Base Nacional Comum Curricular – BNCC, realiza o acompanhamento individual e grupal dos (as) alunos (as) com atividades específicas que visam o seu desenvolvimento integral. Os conteúdos trabalhados favorecem o desenvolvimento de habilidades e competências que facilitam a construção de uma boa convivência, ampliando e fortalecendo as relações socioemocionais e a aprendizagem, preparando-os para todos os ciclos e, consequentemente, para a vida.
EXEMPLO DE PLANEJAMENTO NOP | ||
HABILIDADES | OBJETO DE CONHECIMENTO E CONTEÚDOS ATITUDINAIS E PROCEDIMENTAIS | ATIVIDADES |
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EXEMPLO PLANEJAMENTO CONVIVÊNCIA ÉTICA | ||
HABILIDADES | OBJETO DE CONHECIMENTO | ATIVIDADES AVALIATIVAS |
| Como Eu posso fazer parte do todo global?
(Ao longo da unidade, haverá momentos de “Assembleia de classe”, contemplando discussões pertinentes à convivência entre os alunos e a escola, e de “Rodas de conversa”, contemplando discussões relacionadas a questões da realidade) |
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Desde 2019 o Oficina implantou o Programa de Convivência Ética em parceria com o Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Moral (GEPEM), da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O Programa engloba várias iniciativas e vem, nos últimos 5 anos, implicando famílias, professores, funcionários, direção e alunos na intenção de debater e enfrentar questões relacionadas à mediação de conflitos, reflexividade, protagonismo dos jovens, prevenção de bullying e respeito ao outro.
As ações, que são interrelacionadas e se propõem a atuar nas 3 vias – pessoal, curricular e institucional – englobam uma intensa formação profissional, a inserção da disciplina Convivência Ética para o Ensino Fundamental e se destinam a um programa com atuação sistêmica, envolvendo procedimentos preventivos, de fomento, mas também interventivos e de acompanhamento e avaliação.
Em 2022 os focos de atuação são:
Ação institucional que envolve todos os departamentos e públicos da escola: estudantes, familiares, funcionárias(os), docentes, equipe de orientação, coordenações e gestão, Criação de uma Comissão de Convivência com representantes de todos os departamentos e públicos da escola.
Destinada ao/à professor(a) que assume o componente de convivência ética, também chamado de “professor tutor”, por meio de aperfeiçoamento profissional, com formações temáticas. Também engloba supervisões das práticas cotidianas. As formações compreendem:
Instituição de um sistema de apoio entre pares, que se configura como um grupo de estudantes que atuam de modo preventivo na promoção da convivência, além da identificação e encaminhamento em casos de agressão, sofrimento e bullying. Requer um processo de construção da consciência da necessidade do envolvimento de estudantes nas ações escolares para construção de uma convivência ética. Com este objetivo, há uma sequência de aulas estrategicamente desenhadas para criar tal consciência e escolha da equipe por seus pares.
Também incorpora ações com docentes, tanto para da proposta e condução das aulas antecipatórias à escolha da equipe, além de reunião com familiares de estudantes para que também estejam esclarecidas(os) sobre a atuação da equipe de ajuda da escola.
Ações estruturadas para que o Programa de Convivência Ética se enraíze como cultura da escola e todas as ações da instituição estejam integradas e coerentes com ele. Algumas ações previstas neste sentido:
Embora pensar sobre a própria existência seja algo tipicamente humano, são poucas as oportunidades e menos ainda as instituições que se propõe a refletir sobre como se dá a existência compartilhada. A convivência humana impõe inúmeros desafios e surpresas e se aproximar de sua complexidade é sem dúvida sinal de coragem e sabedoria. Para tanto, realizamos uma ampla pesquisa, como parte do Programa de Convivência Ética, para identificar aspectos da convivência em nossa comunidade escolar. O objetivo foi escutar os diferentes sujeitos da nossa comunidade sobre o tema para, posteriormente, utilizar estes dados na construção de ações mais efetivas de melhoria das nossas relações.
Consultoria com foco na formação docente e no desenvolvimento do Programa de Convivência Ética na Escola com a pedagoga Danila Di Pietro Zambianco, Doutoranda e Mestra em Educação pela UNICAMP, Especialista em Gestão Escolar, Relações Interpessoais na Escola e a Construção da Autonomia Moral, integrante do GEPEM (Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral) da UNESP/UNICAMP e do LPG (Laboratório de Psicologia Genética) /UNICAMP.
Em 2022 o Colégio Oficina iniciou os trabalhos letivos com a proposição de reflexões ao corpo docente sobre a inserção do combate ao racismo no currículo escolar, através de uma palestra da professora Alice Sena Ferrari, Doutora em educação pela PUC-SP e especialista na construção de currículos escolares. A proposta incluiu uma discussão com o corpo docente e equipe técnica sobre o racismo como construção social, abordando diversos subtemas como: o não reconhecimento dos negros e negras como sujeitos históricos; a ausência de políticas públicas para a população negra e o racismo estrutural e os princípios para a educação das relações étnico-raciais.
Consultoria sobre questões contemporâneas do universo educacional com o psicólogo Dr. Alessandro Marimpietri e desenvolvimento de trabalho de informação profissional com a psicóloga Fernanda Burgos.
Projeto social que atende crianças e jovens em situação de risco social oferecendo a eles apoio na percepção gradativa do interesse da cidadania, ajudando-os a construir uma vida produtiva longe do mundo das drogas e outras violências.
Concessão de bolsas a estudantes e estabelecimento de parceria para ações conjuntas com o Colégio Estadual Santos Dumont, localizado no bairro de Pirajá, subúrbio ferroviário de Salvador.
Comissão de igualdade racial da OAB busca, entre outras ações, aproximar-se da juventude, através das escolas públicas e privadas, com o objetivo maior de auxiliar no letramento racial, construindo uma identificação positiva com seus membros bem como conscientizar para aspectos legais da luta antirracista.
O Projeto Cores é um Hub Educacional que compartilha a responsabilidade de construir um futuro melhor com pessoas e entidades, criando oportunidades e contribuindo para a transformação social e a realização de sonhos. O propósito é contribuir para o desenvolvimento socioeducacional de estudantes de baixa renda de alta performance acadêmica, oportunizando a educação de qualidade, incentivando-os a serem líderes e agentes de transformação social.
O Projeto fornece ou busca prover aos estudantes, com parceiros, bolsas de estudo, benefícios individualizados (vale alimentação, vale transporte, material didático, internet, fardamento), acompanhamento pedagógico e acadêmico, apoio psicológico (quando solicitado), Projeto de Vida e Orientação Vocacional.
O Oficina firmou parceria com a iniciativa e, a partir de 2024, participará mediante concessão de bolsas integrais para dois alunos afrodescendentes, no 8º ou 9º ano.
Esta nova parceria chega para agregar ao nosso projeto de formação permanente, com foco no desenvolvimento cada vez mais aprimorado de estratégias, ações e projetos para uma educação Antirracista. A parceria inclui a participação do quadro técnico do Oficina na segunda edição do curso “Entre o Remendar e o Tecer: a costura de pensamentos e práticas para uma educação antirracista”, da Escola da Vila, que será realizado em 2024.